24 de setembro de 2014

VIAJAR: Detalhes de Felicidade...#4


"De scooter pelas ilhas... A felicidade de conseguir curvar...


Quando pensamos em viajar pelo mundo desconhecido queremos estar o mais preparados possível. Estojo de primeiros socorros. Consulta do viajante. Vacinas. Medicação para a malária. Antibióticos. Treinar o inglês. Roupa para todos os tempos, frio, quente, assim-assim. Passaporte. Vistos. Artigos de higiene feminina. Máquina fotográfica. Dinheiro.... E claro carta de mota.

Somos aventureiros, destemidos e audaciosos e não medimos mais de 1,55m. Mas estamos determinados a aprender a conduzir uma mota 25 kw de potência, a licença que nos permite conduzir todos as motas sem restrições. Alta potência implica motas com mais de 200 kg e muitas vezes bancos a mais de um metro do chão. Olha a aventura!!!
Mas quem quer viajar pelo seu mundo, abandonar tudo e todos pela a aventura... Não acha as características de uma mota robusta desafiantes o suficiente. Ou pelo menos, não achava!!!
Deixar o trabalho todo organizado e devidamente passado para a próxima colega, numa das épocas com mais serviço. Organizar as coisas em casa. Organizarmos-nos mentalmente para deixarmos, por mais de um ano,  os amigos/as em quem somos viciados e a família que amamos profundamente. Tentarmos fazer tudo isto e acabar os livros que já começamos a ler, acabar o puzzle de 1500 peças que recebemos de prenda de aniversário e ainda o álbum de recordações de uma vida, porque temos a certeza que vamos voltar diferentes e não queremos esquecer quem éramos!


Com tudo isto a carta é importante mas não prioritária. Assim, no últimos dois meses antes de embarcarmos na nossa aventura à descoberta do nosso mundo, estudamos em casa (damos o "tiro" as aulas todas) e fazemos o exame de código, são apenas 10 perguntas para quem já conduz. E, sem nunca termos pegado numa mota na vida. Nem sequer uma scooter, embarcamos na grande aventura de aprender a conduzir um "avião".

Entre a nossa agenda e a da escola já só temos um mês. E nas questões práticas, não dá para estudar em casa!
Como de costume o instrutor é homem e é preconceituoso. Percebemos, mais tarde que este preconceito é ainda mais forte em relação, seja homem ou mulher, a quem nunca conduziu nenhum tipo de motociclo. Num instante, entre as reticências do instrutor em ensinar, recorrer a amigos para aprender a subir e descer de motas altas, e o ter que mudar de instrutor já passaram duas semanas. Já só temos mais duas para conseguir aprender a conduzir um "avião"... Somos optimistas! Confiantes que conseguimos fazer tudo. Ou quase tudo!!
As aulas começam. Primeiro numa mota baixa. Somamos vitórias todos as aulas. Fazer um 8 é a maior dor de cabeça. Mas se for um 8 muito, muito, muuiiito largo... a ocupar os dois eixos da via a coisa vai lá. O tempo está a esgotar e passamos para a mota grande. Somamos vitórias a todas as aulas. Fazer o 8 passou de dor de cabeça para assustador... A mota é alta, pesada... E quase que manda em nós. Depois de muito esforço lá passamos de uma rua muito muito muito larga, sem trânsito. Daquelas onde estacionam camiões e ainda sobra espaço para fazer inversão de marcha com uma limusina, à primeira. Para uma rua mais estreita... Nas primeiras tentativas ultrapassamos os limites. Mas no final da aula já nos sentimos mais seguras que conseguimos fazer o 8 numa rua daquelas. Mesmo com todas as reticências do instrutor e o medo dele de no exame termos que fazer numa rua ainda mais pequena, estamos optimistas!

O exame está quase, faltam dois dias, é no dia do embarque para a grande aventura, de manhã.
No ultimo dia de aulas antes do exame, o instrutor leva-nos para uma nova rua, estreita, mas não demais. Numa das manobras do 8, apertamos demais a curva, estamos quase paradas, não aguentamos o peso da mota e caímos com ela. Dai em diante foi o descalabro e nunca mais fizemos uma curva em condições...
No dia do exame não havia como passar... Fizemos tudo direitinho, é verdade. Em estrada não houve um único erro. Mas o medo de fazer oitos era tão grande que o engenheiro, homem e preconceituoso, mulher não conduz mota grande principalmente se nunca conduziu mota antes, acha melhor não nos passar. Para grande tristeza minha concordo com ele, afinal não fiz o oito. Em minha defesa tenho a dizer que ter caído na véspera e ter na prática duas semana de aulas não ajudou muito na minha confiança!!! Que piorou, ainda mais, quando regressei à escola e voltei a cair com a mota, mais uma vez com ela quase parada!!
Não posso deixar de ressalvar que acredito que em Portugal deve existir alguma lei escondida que dita que todos os condutores de motociclos devem ir para a escola de condução a saber conduzir mota melhor que o instrutor.
Entre lágrimas lá corremos para casa, havia uma mala para acabar de fazer, despedidas para fazer, um avião para apanhar. Rapidamente as borboletas na barriga por ir viver um sonho, aniquilaram qualquer frustração por não ter terminado com sucesso outro sonho de criança, conduzir mota!!

( Continua na próxima semana! Para não perderes nenhum Detalhe de Felicidade faz Like na nossa Página de FACEBOOKGOOGLE + ou podes ainda seguir o blog pelo BLOGLOVIN)

Outros detalhes de felicidade: 
(Detalhes de Felicidade #1 AQUI)
(Detalhes de Felicidade #2 AQUI)
(Detalhes de Felicidade #3 AQUI)



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